“Os jovens são mais afetados por este fenômeno”, afirma o cirurgião plástico Mário Farinazzo, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Chefe do Setor de Rinologia da UNIFESP e cirurgião instrutor do Dallas Rinoplasthy. “O fato de se ter uma câmera nas mãos a todo o momento é um convite para o autorretrato de todos os ângulos e em todas as situações. Isso gera frustração, pois sempre existe um ângulo que desagrada, principalmente se compara com fotos de outras pessoas nas redes sociais ignorando o fato de que muitas delas são produzidas e manipuladas digitalmente”, completa. Quando a fonte do sentimento de mal-estar é o corpo, a cirurgia plástica é convocada a resolver “o problema”.

Casas de acolhimento para mulheres em situação de rua de SP possuem diferentes tipos de atendimentos

Os edemas, os hematomas, a diminuição ou o aumento de uma parte do corpo, tudo isso causou um impacto, um choque de não reconhecimento de si mesmo. No caso das entrevistadas, todas relataram que o tempo foi solução para esses sentimentos, pois as conseqüências estéticas da cirurgia foram diminuindo e o resultado mais visível foi aparecendo, sendo que o resultado final foi equivalente ao idealizado e, portanto, satisfatório. Neste estudo, constatamos que cirurgia plastica valores todas as entrevistadas sentiam que alguma parte do corpo estava incomodando, trazendo uma sensação de desconforto e, com isso, mobilizando sentimentos de insatisfação, sofrimento e não aceitação de si. Para que fossem resolvidos ou amenizados tais sentimentos, optaram pela cirurgia plástica estética para corrigir o que não estava lhes agradando, desagrado relacionado tanto à sua própria percepção como também à avaliação que sentiam provir dos demais.

Ajuda a melhorar o humor

Assim, para as seis entrevistadas, após a cirurgia houve um aumento na auto-estima, conseguiram olhar para si mesmas e apreciar o que enxergavam, suas relações interpessoais e sexuais melhoraram e suas vidas conquistaram maior qualidade. A pressão externa, através da mídia e dos padrões de beleza, acaba mobilizando o indivíduo em sua percepção de si e, concomitantemente, na sua auto-estima. Atualmente, as relações entre as pessoas estão cada vez mais efêmeras, sendo a aparência, ou seja, a impressão física, um importante elemento de julgamento nas interações sociais. Assim, a beleza passa a ser um valor social que pode garantir sucessos ou fracassos, tanto nas relações interpessoais quanto na vida profissional.

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Conforme estudo publicado na Revista Estudos e Pesquisa em Psicologia, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a cirurgia plástica tem grande efeito no comportamento e nas relações entre as pessoas, além de melhorar a harmonia interna das mesmas. Para Portinari (2000), através do encaixe social, o indivíduo vai modificando seu comportamento e valorizando aspectos do seu corpo, muitas vezes, antes impensado. A imitação social, a simpatia e antipatia são modificações comportamentais para adequar-se às exigências sociais. Isto quer dizer que o homem age em função das competências que lhes são solicitadas pela cultura e pelo grupo de companheiros. Além disso, outro processo comum à inserção social é a identificação pessoal, que consiste na aproximação e incorporação dos elementos sociais, através de pessoas que admiramos e amamos, bem como por aquelas que tememos e detestamos.

É um processo que envolve, o tempo todo, a incorporação e o abandono de objetos que funcionam como extensão desse corpo, como roupas, adereços, próteses (PORTINARI, 2000). Caso seu filho (ou filha) demonstre o desejo de realizar a cirurgia plástica esteja sempre com abertura para uma boa conversa, entenda seus reais motivos e independente da decisão, acompanhe o passo a passo de perto. Mas, apenas um cirurgião plástico especializado poderá avaliar e o paciente e fazer a indicação corretamente. Como o adolescente é considerado dependente legal dos pais ou de outro adulto, a autorização do responsável é necessária para realizar qualquer procedimento. Entretanto, para a maioria dos procedimentos é recomendado que se espere, pelo menos, até os 16 anos para as garotas e até os 18 para os rapazes. Geralmente, essas são idades estimadas em que o corpo termina seu processo de desenvolvimento, porém isso não é definitivo e pode variar de uma pessoa para outra.

O que motiva pessoas tão jovens a fazer cirurgias plásticas?

O negócio é sério e, segundo a Academia Americana de Plástica Facial e Cirurgia Reconstrutiva, um em cada três cirurgiões plásticos registrou “um aumento nos pedidos de procedimentos porque os pacientes estão mais preocupados com os olhares nas redes sociais”. Constatou-se um aumento de 10% nas cirurgias no nariz, 7% nos implantes de cabelo e 6 % em cirurgias da pálpebra – tudo isso em apenas um ano. Um dos principais motivos que levam as pessoas a realizar cirurgia plástica é autoestima. Tal discussão pode ser verificada em estudos científicos diversos que comprovam resultados positivos de procedimentos estéticos.

Tudo depende de uma minuciosa avaliação pré-operatória, com uma boa conversa envolvendo cirurgião, pais (ou responsáveis legais) e adolescente, com avaliação psicológica profissional, caso seja indicado. Deve-se salientar que alterações no corpo que provoquem debilidades, como seios grandes causando alterações de postura, por exemplo, são indicações de cirurgia. Clima tropical, corpos à mostra e apelo midiático por um padrão de beleza praticamente inalcançável são algumas das razões que levam milhares de brasileiras (e brasileiros) a uma mesa de cirurgia em busca de reparos estéticos. O que a cirurgia plástica propõe é a melhora na qualidade de vida das pessoas que a procuram, mas não traz a perfeição ou cura algum tipo de insatisfação mais profunda. A autoestima vinculada à cirurgia plástica pode ir muito além de olhar no espelho e se sentir bem.

Quanto às intervenções não-cirúrgicas, os queridinhos dos brasileiros são a aplicação de toxina botulínica, de ácido hialurônico e o peeling químico, que costumam ser indicados para amenizar rugas e linhas de expressão, entre outras funções. Segundo o professor Coltro, existem casos em que os procedimentos merecem ser realizados mesmo antes dos 18 anos. São aqueles em que pessoas jovens sofrem por apresentarem, por exemplo, mamas grandes ou pequenas demais ou ainda deformidades no nariz; situações que, garante Coltro, podem levar ao constrangimento e à restrição do convívio social. O difícil processo de recuperação pós-cirúrgico, que inclui meses sem poder fazer nenhum tipo de esforço, só ficou claro para a estudante após o procedimento. E o resultado tão esperado veio somente após um ano inteiro de muito cuidado pós-operatório. “Eu coloquei um biquíni e fui me olhar no espelho; quando tirei uma foto, falei ‘cara, esse é o resultado que eu estava esperando’”, conta, lembrando que precisará usar sutiã de sustentação cirúrgico para o resto da vida.

Para as entrevistadas, foi um momento difícil, que exigiu bastante força e energia para assimilar e aceitar o processo de recuperação que estava acontecendo, embora o resultado final fosse o esperado. Pensemos, neste momento, naquelas em que o resultado final boicota o sonho, quando a imagem corporal tem que ser refeita em cima de algo não idealizado, de algo jamais previsto, o quanto o psiquismo será atingido e o quanto isso poderá acarretar em conseqüências danosas ao indivíduo. Assim, é válido enfatizar a importância dos cuidados psicológicos, porque não estamos tratando somente do corpo, mas sim da mente, uma vez que os dois são intimamente ligados e dependentes. Cirurgias plásticas como gluteoplastia e lipoaspiração devem ser feitas não apenas após o amadurecimento do corpo, mas também mental. Por mais que várias clínicas sejam responsáveis para realizar o procedimento, são operações dolorosas e que requerem um pós-operatório mais delicado, por conta destes fatores o ideal é que o adolescente amadureça para lidar com estas situações em que é necessário ter bastante paciência. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia plástica, em 4 anos, os procedimentos saltaram de 37 mil para 91 mil, entre jovens de 14 a 18 anos.

Em média, o nariz apareceu 6,4% mais longo em selfies de 12 polegadas e 4,3% mais longo em selfies de 18 polegadas em comparação com a fotografia clínica padrão. Houve também uma diminuição de 12% no comprimento do queixo em selfies de 12 polegadas, levando a um aumento substancial de 17% na proporção do comprimento do nariz ao queixo. Selfies também fizeram a base do nariz parecer mais larga em relação à largura do rosto. A consciência dos participantes sobre essas diferenças foi refletida pela forma como eles avaliaram as fotos quando comparadas lado a lado. O corpo da fantasia, em termos psicanalíticos, que no início da vida é percebido como algo externo e ameaçador, de difícil assimilação, “torna-se” o corpo do sujeito, na medida em que este o toma para si, em um trabalho de subjetivação.

A cirurgia plástica em adolescentes só pode ser feita com o consentimento dos pais ou responsável. Portanto, cabe aos pais observar o que os filhos estão procurando na internet e auxiliá-los do perigo de clínicas clandestinas. Porém, os jovens não procuram as cirurgias plásticas somente devido à preocupação estética; sofrimentos emocionais agravados por restrições sociais autoimpostas podem justificar correção cirúrgica.